Globoesporte.globo.com/sp/vale do Paraiba-/Taubaté, SP
Há exatamente 65 anos, acontecia a partida que deu origem ao apelido que o Taubaté leva até hoje e estampa com orgulho em seu mascote: o de Burro da Central. No dia 1º de maio de 1955, na primeira partida da fase final da Divisão Intermediária do Campeonato Paulista (atual Série A2), a equipe taubateana superou o Comercial de Ribeirão Preto por 6 a 3 dentro de campo, mas posteriormente perdeu os pontos do jogo por ter escalado um jogador de forma irregular.
O fato deu origem à charge publicada por um jornal em que o Alviazul foi chamado de “burro” por ter deixado o atleta entrar em campo sem regularizá-lo. O GloboEsporte.com relembra a história da origem do mascote da equipe.
Desempenho
O Taubaté fazia um brilhante campeonato na segunda divisão paulista. O torneio, que teve início em 1954 e foi finalizado apenas no ano seguinte, teve suas 19 equipes participantes divididas em três grupos onde seu integrantes jogariam entre si em turno e returno. Apenas os dois melhores de cada grupo avançava de fase.
Com uma equipe qualificada e alto investimento, o Taubaté despontou no campeonato como um dos favoritos ao acesso e logo confirmou isso dentro de campo. Jogando ofensivamente, a equipe do time até então conhecido como Gigante do Vale terminou a primeira fase ocupando a liderança em seu grupo, com 15 pontos somados de 20 possíveis (na época, a vitória valia dois pontos). A classificação final do grupo foi:
- Taubaté, com 15 pontos
- São Bento, com 13 pontos
- São Paulo (de Araçatuba), com 12 pontos
- Portuguesa Santista, 10 pontos
- Radium (de Mococa), com 9 pontos
- Velo Clube, com 1 ponto
Abertura da Fase Final
Com as duas melhores equipes de cada grupo classificadas, a fase final do torneio teve início. A lógica era simples: os seis times jogariam entre si em turno e returno, e a equipe que somasse o maior número de pontos seria a campeã e se teria o acesso garantido na elite do campeonato Paulista na próxima edição.
O jogo de abertura do Taubaté nesta etapa foi marcado para o dia 1º de maio de 1955, no Campo do Bosque (local onde o clube mandava seus jogos). O adversário para o duelo era o Comercial, de Ribeirão Preto, que na primeira fase havia terminado em segundo lugar de seu grupo, com 12 pontos, superando a terceira colocada Ferroviária em um torneio de desempate.

De acordo com o historiador e jornalista Moacir dos Santos, o Taubaté, do técnico Joaquim Loureiro, foi a campo com: Sérgio, Rubens e Porunga; Can-Can, Zé Américo e Ivan; Alcino, Taino, Berto, Benedito e Sylvio.
O primeiro tempo foi muito agitado, com nada menos que cinco gols. Quem saiu na frente foi o Comercial, graças a gol de Mairiporã, aos 17 minutos de jogo. O Taubaté não se abateu e conseguiu a virada ainda na etapa inicial, com gols de Taino, aos 30 minutos, e Benedito,que marcou duas vezes, aos 33 e aos 38 minutos. A equipe visitante ainda conseguiu descontar antes do intervalo, novamente com Mairiporã.
O segundo tempo manteve a tônica do jogo e os ataques continuaram a todo vapor. Apesar dos esforços de Mairiporã, que fez o seu terceiro gol no jogo, o Gigante do Vale ampliou o placar com gol de Berto, uma vez, e com Benedito, que marcou mais duas vezes para o Taubaté, terminando o jogo com quatro gols no total. Placar final de jogo: 6 a 3 para o Taubaté.
Perda de pontos e charge
A vitória por 6 a 3 parecia ter sido o início perfeito para o Taubaté na fase final, não fosse o descuido de algum dirigente do clube, que não registrou o atacante Alcino na Federação Paulista de Futebol. A entidade tomou conhecimento e puniu o clube com a perda dos pontos da partida, beneficiando o Comercial, que ganhou os pontos.
No dia seguinte, o jornal Gazeta Esportiva publicou uma charge chamando a equipe de “burra”, com os dizeres “clube que ganha no campo e perde na secretaria é…burro”. Ainda no mesmo desenho, é possível ver outro personagem se referindo ao time como “Burro da Central”, em alusão à linha férrea Estrada de Ferro Central do Brasil, que passa pela cidade.
O termo, que virou motivo de chacota para os rivais, caiu no gosto do torcedor taubateano. Especialmente por ter vindo em um momento oportuno, com o time terminando como campeão do torneio, a torcida adotou carinhosamente o burro como mascote do clube.
(*) Colaborou sob supervisão de Filipe Rodrigues
Muito boa a matéria! Você teria os números de todo o retrospecto do Taubaté no título da série a2 de 1954? Inclusive dos autores dos gols?
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Bruno estou concluindo o levantamento das fichas técnicas completas
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Alguma novidade, Moacir?
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Oi Bruno, novidade sobre o que?
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